Thursday, January 7, 2010

Graciosa e Floripa


Segundo o meu celular (Luciano, vc sabia que a gente pode pegar a previsão do tempo nele?) eu tinha uma janela de 6 horas de tempo nublado, sem chuva. A previsão do AccuWeather me dava das 6 as 12 para chegar em Morretes, sem chuva. Depois disso, alerta de tempestade com raios. Tendo adiado duas vezes a descida - uma delas por uma previsão de tempo falsa - eu pensei que era agora ou nunca e fui.

Cheguei na rodoviaria todo esbaforido faltando 5 minutos para o único ônibus que poderia me deixar em Quatro Barras sair. Passagem comprada e trazida na boca, enfiamos a bicicleta no bagageiro e o ônibus zarpou. Desci na frente do posto da PRF da PR-410, onde começa a antiga estrada de paralelepípedos que ligava as terras do Paraná ao porto de Paranaguá, cortanto a serra do mar. Segundo dizem, antes disso o trajeto já era uma picada usada pelos índios que vinham do litoral ao planalto colher o pinhão.

Logo que saí do ônibus notei que a pedaleira direita soltou. Foda-se, aparafusei com a mão mesmo. Mais tarde precisei aparafusá-la de novo, mas dessa vez eu esfolei mais o dedo e apertei com mais força. Ficou bom ;-)

Passei no posto da PRF pra dizer pros caras que eu pretendia descer a estrada sozinho e perguntar se ela era bem sinalizada e havia risco de me perder. Disseram que não, mas aconselharam-me a tomar cuidado nas frenagens, visto que a estrada "quando chove é lisa como o diabo". Há uma galeria de carros PT (perda total) às margens do posto. Eles estão expostos de propósito e atestam que a rodovia foi feita para jegues e não automóveis.

Ok, iniciei o caminho. Como toda estrada que transpõe uma serra, a Graciosa é uma descida de 1000 metros do planalto ao mar, mas ela não é só descida não, muito pelo contrário, os primeiros quilômetros são de (puf, puf), subida. Já fui parando e tirando fotos dos pinheiros, das araucárias, das nuvens fechadas. Tudo em um frio gostoso e embalado pelo martelar das trovoadas.

A descida transcorreu sem problemas, à exceção de uma leves chuvas ocasionais. Das poucas vezes em que peguei um pouco de chuva optei por pedalar forte e sair da região chuvosa, o que se mostrou acertado. No início eu estava descendo bem devagar nos trechos de paralelepípedo, mas fui pegando confiança aos poucos, e uma hora depois eu já passava a 30-34 km/h, ultrapassando os carros. Percebi que a estrada é realmente lisa quando resolvi tirar uma foto perto de uma ponte. Parei a bicicleta, coloquei o pé no chão e schploft, quase que também coloco a bunda.

A estrada possui vários recantos, que são trechos onde se pode estacionar, e há algumas mesinhas de pedra com banquinhos, em alguns também churrasqueiras e em outros mirantes. O primeiro recanto é o mais bonito, porque de lá se vê a Baía de Paranaguá bem ao longe. E aquele bem longe era exatamente para onde eu estava indo.

Eu não contei o número de recaontos, lembro ter lido que eram seis. Os mais altos são os melhores, por causa da vista e por causa das cachoeiras. Teve uma em que eu deixei a bike de lado e entrei. Nos mais próximos do pé da serra há vendinhas e pode-se fazer lanchinhos. Eu não precisava ter levado metade do que levei, mas fui preparado para ficar sozinho no meio do nada sob chuva. Definitivamente eu nao ficaria sozinho. Passaram carros por mim durante o trecho de serra, pelo menos alguns a cada 10 minutos, inclusive uma patrulha da PRF e outra da Civil.

A estrada, nos trechos mais altos, é belíssima e estava toda em tons de azul e rosa. As margens são ladeadas por crisântemos azuis e brancos, e muitas árvores estavam dando floradas rosa. Parece uma estradinha em meio a um jardim.

Quando se chega ao pé da serra pedala-se mais 13 km até Morretes, ou 20 até Antonina. Eu queira ter ido à Antonina, por já conhecer Morretes, mas por estar com pressa para voltar para Curitiba e pegar caro e seguir para Florianópolis toquei para Morretes e após uma longa e interminável reta chata, cheguei na igrejinha que para quem vem de trem está nos fundos da cidade. Depois conto mais dessa aventura, que eu estou com sono.

To cut a long story short, voltei pra Curitiba, debaixo de outro toró do caralho e cheguei ao hotel, em cuja garagem troquei de roupa, guardei a bike e segui para Floripa. Após um Red Bull básico perto de Joinville, que deixaria a Carla orgulhosa, toquei o carro pra dentro da chuva de granizo (não foi culpa minha, a estrada é que levava em direção àquela porra) que eu achei que ia estraçalhar os limpadores de pára-brisa e segui pra Floripa, chegando perto de 22:30.

No comments:

Post a Comment